
Quando falamos do dia da
Consciência Negra devemos citar os dois pilares dessa memória tão presente nos
dias de hoje: Palmares e Zumbi, elos de uma história encarnada que de hipótese
nenhuma deve ser esquecida do contexto histórico brasileiro e, em especial da
nossa Latino-América, marcada por inúmeros líderes de diversas resistências
(Antonio Conselheiro, Joana Angélica, Maria Quitéria, Maria Felipa de Oliveira, João Felisberto - O Almirante Negro, Tiradentes e Tupac
Amaru), mas, infelizmente, com o passar do tempo, foram esquecidos não pela
ignorância, e, sim, pela intolerância social ainda vigente nos dias
atuais.Palmares e Zumbi, ambos são uma só história. Ambos são indivisíveis,
inseparáveis. Poderíamos dizer: É o comungar Palmares que Zumbi assume as
conseqüências para lutar em favor da liberdade e da dignidade do povo sofrido,
escravo e explorado, vivendo o outro (alter), sendo comunhão e participação.
Raptado ainda recém-nascido no ano de 1655, quase sessenta
anos depois da existência do Quilombo dos Palmares, fora entregue
aos cuidados do Padre Antonio de Melo que além de lhe batizar com o nome de
Francisco, recebera do mesmo toda a educação e alfabetização, iniciando-se no
latim e, sendo coroinha aos dez anos de idade. Algo até então experienciado por
Francisco e que nem todos os brancos tinham esse privilégio. Nunca negara as
suas raízes e, aos quinze anos (1670), fugiu para a sua terra natal – Palmares,
de onde saíra e, ao mesmo tempo voltara. Abandonou o nome de batismo para se
chamar Zumbi – O “Deus da Guerra”, “Fantasma Imortal” “Morto Vivo”.
A África no Brasil (Palmares) era uma realidade plausível,
uma comunidade que poderíamos afirmar que era coletiva, onde não havia
exploração e nem discriminação entre os membros, uma comunidade onde a
referência na família é a mulher, ao contrário da sociedade européia que é
patriarcal, uma sociedade que em muitos aspectos (econômico, político, religioso
e social) era muito avançado. A área do quilombo era rodeada de muitas riquezas
naturais (água em abundância, fauna e flora, terras férteis e muitas palmeiras
– daí é que se origina o nome Palmares).
Resistir era a sua meta em
busca da dignidade e da liberdade para o seu povo. Resistir até a morte do que
se entregar ao inimigo. No dia 20 de novembro de 1695, pelas mãos do
bandeirante paulista Domingos Jorge Velho juntamente com sua expedição,
aniquilou Palmares e o seu líder – rei Zumbi. Mas os seus ideais e os dos
nossos afro-antepassados continuam vivos 317 anos depois da morte de Zumbi, em
busca da dignidade, igualdade e solidariedade. Viva o dia da Consciência Negra!
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