O que
significa ser cristão? Cuidar das nossas relações humanas.
Aproximam-se
os 100 anos de Arturo Paoli, di Lucca, Itália, uma bela figura de fé do
catolicismo italiano. Enquanto isso, ele continua apresentando as suas
reflexões na revista Ore Undici, de outubro de 2012. A tradução é de Moisés
Sbardelotto.
Eis o
texto.
Se
alguém ler atentamente o Evangelho e se perguntar "Jesus é um homem de
oração?", a resposta é sim e não. Os discípulos que o seguem e que
provavelmente esperavam que ele lhes ensinasse a rezar, em certo ponto se
sentem um pouco desiludidos e lhe dizem: João ensina a rezar – aqueles que se
declaram profetas, mestres, enviados por Deus acima de tudo ensinam a rezar –,
tu o que fazes?
Jesus,
então, ensina uma oração breve e essencial que é o Pai Nosso. Não parece que,
todas as vezes em que os apóstolos se reúnem, a primeira coisa que fazem era
rezar: quem espiava de noite aonde ele ia – porque, durante a noite, enquanto
os apóstolos dormiam, ele se levantava –: quem o espiava o viu estirado no chão
e recolhia lágrimas e gritos dirigidos a quem podia nos salvar da morte. Ele
não chorava e não gritava pela sua morte pessoal, mas sim por ver este mundo
que tem aparências de morte mais do que de vida: se sentia dilacerado e gritava
pela humanidade.
Aos
apóstolos, ele ensinava como se comportar com as pessoas, como se comportar
entre si, o centro da sua ação é o reino de Deus: buscai primeiro o reino de
Deus. O que é esse reino? A relação humana. Nas paróquias, em vez de se
encontrar unicamente para rezar, seria bom se desse a primazia às relações:
como nos comportamos entre nós? Como nos dedicamos àqueles pobres nossos
vizinhos que vivem no mesmo bairro e estão desempregados, não sabem como seguir
em frente, não têm recursos de nenhum tipo?
Nós
deveríamos começar a partir deles, porque Jesus começou a partir deles, não dos
sãos, mas sim dos doentes, que não são somente aqueles atingidos por uma
verdadeira doença; são todos aqueles que vivem mal, que não sabem como viver,
que não têm a força para viver. A Jesus não interessa ensinar a rezar, ele não
é um guru; ele veio para sistematizar as relações humanas, para nos ensinar a
viver com os outros.
O ideal
está encerrado na palavra "amigos": é preciso se tornar amigos, e aos
apóstolos que se perguntam quem é o superior, ele diz: "Sejam amigos entre
vocês"; e os controla quando se dá conta de que há um pouco de mar
agitado, que não há cordialidade perfeita. Ele se detém e diz: "Lembrem-se
de que vocês são irmãos entre vocês e devem se amar"; e para imprimir
neles a importância disso, na última noite da sua vida, ele lavou os pés de
cada discípulo. "Vocês nunca devem se colocar em posição superior, pensar
'sou melhor do que tu, vou te tirar da tua ignorância ou pobreza'. Vocês devem
se colocar no último lugar, porque, se vocês não tiverem essa intenção, erram
tudo, pioram as suas relações".
O que
significa ser cristão? Cuidar das nossas relações humanas. Não ter relações nem
de comando, nem de negligência, mas sim realizar a amizade: fazer com que todos
pensem: "Que bom amigo! Como saúda a todos! Como nos fala! E como como se
preocupa com uma situação triste: como você está? O que podemos fazer? Como
podemos nos unir e enfrentar essa dificuldade?". Essa é a oração, a mais
bela oração: fazer com que venha o teu reino – o reino de paz e de justiça, de
boas relações.
Se
formos a Medjugorje para aprender a rezar com métodos novos, na realidade,
significa que nunca conseguimos rezar. Não entendemos o que é a oração,
buscamos onde nos ensinem fórmulas, mas não aprendemos a rezar. Para Jesus, a
oração é como ter encontrado o lugar certo entre os outros, é a caridade para
com os outros, a atenção com aqueles que sofrem.
Feliz 2013!!!!!!!
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