CARTA
DAS CEBs
DO REGIONAL NORDESTE 3
DA CNBB - BA/SE,
CELEBRANDO O DIA DA CONSCIÊNCIA
NEGRA.
Caros Irmãos, irmãs, companheiros/as,
militantes das Comunidades Eclesiais de Base em nossa Bahia e Sergipe, nas
vésperas do dia 20 de novembro, dia de festa e de liberdade, dia de celebrar a
vitoria do nosso povo negro sobre os opressores, aqueles/as que escravizaram os
nossos irmãos e irmãs no passado desta triste historia, ao mesmo proclamamos
que a luta continua, a busca pela liberdade, continua, a luta por dias melhores
continua, a luta por um novo mundo continua, a luta pela igualdade deve
continuar.
Lembramos hoje de Zumbi que foi o
grande líder do quilombo dos Palmares, respeitado herói da resistência
antiescravagista. Pesquisas e estudos indicam que nasceu em 1655, sendo
descendente de guerreiros angolanos. Em um dos povoados do quilombo, foi capturado
quando garoto por soldados e entregue ao padre Antonio Melo, de Porto Calvo.
Criado e educado por este padre, o futuro líder do Quilombo dos Palmares já
tinha apreciável noção de Português e Latim aos 12 anos de idade, sendo
batizado com o nome de Francisco. Padre Antônio Melo escreveu várias cartas a
um amigo, exaltando a inteligência de Zumbi (Francisco). Em 1670, com quinze
anos, Zumbi fugiu e voltou para o Quilombo. Tornou-se um dos líderes mais
famosos de Palmares. "Zumbi" significa: a força do espírito presente.
Baluarte da luta negra contra a escravidão, Zumbi foi o último chefe do
Quilombo dos Palmares.Recordamos também de Dandara, herói e heroína do povo
brasileiro,
O nome Palmares foi dado pelos portugueses, em
razão do grande número de palmeiras encontradas na região da Serra da Barriga,
ao sul da capitania de Pernambuco, hoje, estado de Alagoas. Os que lá viviam
chamavam o quilombo de Angola Janga (Angola Pequena). Palmares constituiu-se
como abrigo não só de negros, mas também de brancos pobres, índios e mestiços
extorquidos pelo colonizador. Os quilombos, que na língua banto significam
"povoação", funcionavam como núcleos habitacionais e comerciais, além
de local de resistência à escravidão, já que abrigavam escravos fugidos de fazendas.
No Brasil, o mais famoso deles foi Palmares.
O Quilombo dos Palmares existiu por um
período de quase cem anos, entre 1600 e 1695. No Quilombo de Palmares (o maior
em extensão), viviam cerca de vinte mil habitantes. Nos engenhos e senzalas,
Palmares era parecido com a Terra Prometida, e Zumbi, era tido como eterno e
imortal, e era reconhecido como um protetor leal e corajoso. Zumbi era um
extraordinário e talentoso dirigente militar. Explorava com inteligência as
peculiaridades da região. No Quilombo de Palmares plantavam-se frutas, milho,
mandioca, feijão, cana, legumes, batatas. Em meados do século XVII,
calculavam-se cerca de onze povoados. A capital era Macaco, na Serra da
Barriga.
A Domingos Jorge Velho, um bandeirante
paulista, vulto de triste lembrança da história do Brasil, foi atribuído a
tarefa de destruir Palmares. Para o domínio colonial, aniquilar Palmares era
mais que um imperativo atribuído, era uma questão de honra. Em 1694, com uma
legião de 9.000 homens, armados com canhões, Domingos Jorge Velho começou a
empreitada que levaria à derrota de Macaco, principal povoado de Palmares.
Segundo Paiva de Oliveira, Zumbi foi localizado no dia 20 de novembro de 1695,
vítima da traição de Antônio Soares. “O corpo perfurado por balas e punhaladas
foi levado a Porto Calvo. A sua cabeça foi decepada e remetida para Recife
onde, foi coberta por sal fino e espetada em um poste até ser consumida pelo
tempo”.
O Quilombo dos Palmares foi defendido
no século XVII durante anos por Zumbi contra as expedições militares que
pretendiam trazer os negros fugidos novamente para a escravidão. O Dia da
Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à
reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi
escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695.
A lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003,
incluiu o dia 20 de novembro no calendário escolar, data em que comemoramos o
Dia Nacional da Consciência Negra. A mesma lei também tornou obrigatório o
ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Nas escolas as aulas sobre os
temas: História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura
negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, propiciarão o
resgate das contribuições dos povos negros nas áreas social, econômica e
política ao longo da história do país.
A violência hoje ainda tira a vida de
muitos negros/as e a indignação aumenta ao perceber que grande parte da
violência é promovida justamente por aqueles que deveriam evitá-la. Segundo a
Anistia Internacional, em 2011, o número de mortes por autos de resistência
apenas no Rio de
Janeiro e em São Paulo
foi 42,16% maior do que todas as execuções promovidas por 20 países em que há
pena de morte! Em São Paulo só em 2012, 546 pessoas foram mortas em
decorrência de confronto com a Polícia Militar. Como parâmetro para esse
escândalo, basta lembrar que os movimentos de defesa de direitos humanos
reivindicam a morte e desaparecimento de 426 pessoas em 21 anos da ditadura
civil-militar, iniciada em 1964. Na cidade de São Paulo, de acordo com o IBGE,
56 % dos jovens vítimas de homicídios são negros. Esse número atinge 71% nos
casos de jovens mortos em confronto com a polícia.
Segundo levantamento realizado pela
Agência Brasil, que cruzou as informações do ministério com dados do censo
populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
verifica-se que, em 2011, a taxa de homicídios da população negra foi de 35,2
por 100 mil habitantes, taxa 9% acima do que a observada cinco anos antes,
quando foram registrados 29.925 casos, ou seja, 32,4 por 100 mil habitantes. Ao
mesmo tempo em que negros ficaram mais vulneráveis à violência nesses cinco
anos, a taxa de homicídios da população branca caiu 13%, ao passar de 17,1 por
100 mil habitantes em 2006 (15.753 em número absoluto) para 14,9 por mil em
2011 (13.895 casos). O dado reflete a grande disparidade racial que existe no
Brasil, quando se trata de vítimas de assassinatos. Com o aumento dos
homicídios entre a população negra, a probabilidade de um preto ou pardo ser
vítima de assassinato no país passou a ser 2,4 vezes maior do que a de um
branco. Em 2006, a proporção era de 1,9 mil.
O Estado
de Sergipe registrou um aumento nestes
últimos dez anos de 31,9% nos casos de homicídios envolvendo jovens negros,o
Município de Barra dos Coqueiros, que tem uma população de 24.976 tem se destacado entre as cidades mais violentas
do estado sergipano, ocupando assim o 99º lugar do ranking nacional em mortes
por armas de fogo. Sergipe aparece com uma taxa de 11,2% ficando atrás apenas
do Maranhão (6,8) e Piauí ( 3,6) nos casos de mortes de Crianças e adolescentes
para cada 100 mil habitantes
Podemos expressar de varias maneiras o
desejo nosso pela paz e pelo respeito, pela igualdade e pela justiça, a final
não podemos viver com tanta violência, com tanto sangue sendo derramado. Vamos
dá nossas mãos, e construir um tempo novo. Como diz a letra “Um sorriso negro, um abraço negro, traz
felicidade... negro é a raiz da liberdade” Muito axé. Boas Comemorações
Itaberaba. BA. 19 de Novembro de 2013.
Coordenação:
TIAGO SANTOS DE ARAGÃO – Coordenador - Diocese de Ruy Barbosa/BA
IRENIR JESUS DOS SANTOS – Vice Coordenadora - Arquidiocese de Aracaju/SE
VALDENILZA MARQUES DA SILVA – Secretaria – Diocese de Bom Jesus da Lapa/BA
IONE SILVA DOS
SANTOS – 2ª Secretaria – Arquidiocese de São Salvador/BA
ANA MARIA DOS SANTOS SANTOS – Tesoureira - Diocese de Ilhéus/BA
Assessores:
Pe. Paulo Silva – Diocese de Jequié /BA
Pe. Jose Carlos Nascimento sdv – Diocese de Irecê /BA
Pe. Luiz Miguel – Diocese de Ruy Barbosa /BA
Monica Maria Muggler – Diocese da Barra /BA
Pe. Vicente
Nascimento – Diocese de Bom Jesus da Lapa/BA
Bispo Referencial: Dom Ricardo Brusati – Diocese de Caetité/BA
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