Aqui nas terras baianas de Itabuna,
fomos acolhidos pelos irmãos e irmãs com o sabor gostoso de cacau e acarajé.
Muitas famílias abriram suas portas e seus corações para abrigar os romeiros e
romeiras do campo e da cidade das CEBs nordestinas. Somos cerca de 300 pessoas,
entre povos indígenas, quilombolas, leigos/as, religiosos/as, padres, pastores
evangélicos e bispos, convocados pelo tema “Justiça e profecia a serviço da
vida no Nordeste”.
O VI Nordestão das CEBs tem como
objetivo “fortalecer a relação e a articulação na grande região Nordeste,
subsidiando as equipes regionais de CEBs na luta pelo fortalecimento da
organização para a melhoria das condições de vida das comunidades”. Para
concretização deste objetivo durante estes três dias refletimos as seguintes
tendas temáticas: a) Espiritualidade Ecológica; b) CEBs e Políticas Públicas;
c) Profetas e Profetizas de Ontem e de Hoje; d) Romeiros e Romeiras no Campo e
na Cidade – desafios e perspectivas; e) CEBs e Movimentos Sociais a Serviço da
Vida no Nordeste; f) CEBs na Busca da Sustentabilidade.
As tendas temáticas tiveram a
pretensão de nos fazer olhar o chão do Nordeste, sua diversidade, seu jeito
próprio de ser, rezar e lutar e nos questionar, como CEBs, à luz da Palavra de
Deus, como temos nos posicionado frente aos grandes desafios dos tempos de
hoje: grandes projetos governamentais que não contemplam a vontade do povo, comodismo,
degradação ambiental, cultura do medo, crises (econômica, ecológica,
energética, política). Juntos descobrimos algumas pistas para o fortalecimento
das comunidades.
As pistas nos indicaram a necessidade
de continuarmos apostando na formação de lideranças populares, aprofundar a
consciência crítica e da luta de classes, continuar promovendo as romarias da
terra e da água, criar espaços de vivência da espiritualidade peregrina, orante
e profética, contribuir na organização do povo para a construção de um novo
Estado, discutir a passagem de uma democracia representativa para uma
democracia participativa direta.
A análise de conjuntura e a discussão
do tema central muito nos ajudou a chegar a estas conclusões. Vimos que é
necessário e urgente a modificação da estrutura da sociedade brasileira que não
está organizada para incluir os pobres, homens e mulheres em situação de
exclusão social. Não seremos CEBs, seguidoras de Jesus se não estivermos
atentos/as a estes clamores. Devemos lembrar que não há esperança sem
luta.“Esperamos enquanto lutamos. Lutamos enquanto esperamos!” Como símbolo da
nossa esperança, queremos destacar a presença dos/as jovens e o seu grito
contra toda violência e extermínio da juventude.
Saímos deste VI Nordestão,
fortalecido/as e convencidos/as de que não podemos deixar cair a profecia, como
nos pediu Dom Helder Câmara. Seguimos sob a proteção de São José, padroeiro da
Diocese de Itabuna, na alegria da conquista da terra indígena Pataxó,
confirmando o legado do mártir Galdino.
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